quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Notícias animadas

Pessoal, essa vida corrida de professor faz com que nem sempre dê pra manter o blog atualizado... Então, vou aproveitar este post para juntar algumas novidades, e outras nem tanto, sobre a Oficina Animada, projeto que coordeno na E.M. Profª Olga Teixeira de Oliveira, no município de Duque de Caxias / RJ – aí vão elas!

Novas produções da Oficina Animada


A Oficina Animada não para: nossas mais recentes produções são O Jacaré que Matou... a Sede! [acima e no YouTube aqui], de Rodrigo Azevedo e Lucas Vinicius [Turma 705]  e Parem de Brigar!!! [abaixo e no YouTube aqui], de Dhiego Rodrigues [Turma 704]. Vamos acessar e conhecer a história de um jacaré que é forçado a sair de seu meio-ambiente natural para beber água em uma... piscina!, contada pela dupla Rodrigo e Lucas, e a de dois brigões que descobrem que a paz é o melhor caminho, mostrada na animação do Dhiego.



Premiação pelo CIART

Jacqueline e Ana no CIEP 405
As alunas Ana Carolina Sobreira Lopes (turma 705) e Jacqueline Rafaelly G.G. dos Santos (turma 704) autoras, respectivamente, das animações A menina que ajudou o garoto (no YouTube aqui) e O Cachorro e a TV (no YouTube aqui), produzidos pela Oficina Animada, foram ambas agraciadas com o primeiro lugar na categoria Artes Visuais no Celeiro de Talentos, concurso promovido pelo CIART / SME que envolve todas as escolas do município de Duque de Caxias e concede premiações nas categorias de dança, música e artes visuais.
As alunas premiadas no palco do Teatro 
As alunas já haviam passado pela fase eliminatória (dia 9 de julho, no CIEP 405; foto acima, à direita), quando montamos uma pequena exposição dos bonecos de massinha e disponibilizamos no meu laptop as animações para o público e os jurados. A finalíssima do evento aconteceu no dia 30 de agosto, no Teatro Raul Cortez (foto à esquerda).
O prêmio é mais um incentivo para a continuidade do trabalho da Oficina Animada. Parabéns mais que merecidos para as meninas!


Passeio ao Forte de Copacabana

Eu e a aluna Ana Carolina na entrada do Forte de Copacabana
O passeio, realizado no dia 4 de outubro, foi mais um presente resultante da premiação no Celeiro de Talentos do CIART/SME-Duque de Caxias. O passeio reuniu alunos de várias escolas premiados no evento (nossa escola foi representada apenas por uma das alunas premiadas, Ana Carolina S. Lopes, pois a aluna Jacqueline Rafaelly, infelizmente, não pôde ir) e, apesar de alguns imprevistos relativos aos horários de saída e retorno do transporte, foi muito proveitoso.

Vista parcial da fortaleza com a baía ao fundo
Os alunos puderam apreciar a belíssima paisagem [alguns deles, vendo o mar “ao vivo” pela primeira vez], fazer uma visita guiada pelas dependências do Museu do Exército - também uma aula sobre a história do Brasil - e pela fortaleza subterrânea que abriga os canhões, uma construção do início do século passado cujas paredes chegam a possuir doze metros de espessura. O guia, muito solícito, atendeu com gentileza às curiosidades de todos - que lamentaram, apenas, a proibição de fotografar no interior do museu e, assim, não poder guardar um pouco mais do que foi visto.

Anima Mundi e exposição "Rio"

Casa França Brasil, local das oficinas do Festival Anima Mundi

Oficina Animada no Anima Mundi
Olhos e ouvidos atentos...
... às instruções da monitora
Sequenciando...
Três professores de artes da E.M. Profª Olga T. de Oliveira, Angélica Hartung, Diva Amorim e eu, mais as professoras Ana Paula e Letícia Medeiros (coordenadoras da Sala de Informática) e o sempre presente Rogério (nosso porteiro com alma e talento de jardineiro) acompanhamos cerca de sessenta alunos ao Festival Anima Mundi, no Centro Cultural Banco do Brasil, centro do Rio - e é claro que a Oficina Animada não poderia ficar fora dessa! Representando a Oficina Animada, foram ao passeio e participaram das oficinas oferecidas pelo evento os alunos Matheus Pena, Estevão Leal, Rodrigo Azevedo, Ana Carolina S. Lopes, Ane Caroline B. Morais, Bianca e Beatriz Conceição (todos da turma 705).
... usando a mesa de luz
Chegamos bastante cedo e pudemos inscrever todos os alunos nas Oficinas, que aconteceram na Casa França Brasil. Os alunos da Oficina Animada, que já desenvolvem a animação com massinha na escola, optaram por experimentar a técnica “clássica” do desenho animado (fotos acima e à direita). Os demais se dividiram entre a animação com massinha, auxiliados pelas professoras Angélica e Diva, e o pixillation (animação com o próprio corpo), acompanhados pelas professoras Ana Paula e Letícia.

Exposição "Rio"

Exposição "Rio": story board
Todo o dia foi muito proveitoso, pois ainda foi possível dar uma esticada no Museu Nacional de Belas Artes, ali pertinho do CCBB, onde os alunos puderam ver a exposição Rio, sobre o filme de animação homônimo, e aprender um pouco mais sobre toda a complexidade que envolve o processo de criação e produção de um desenho animado de longa metragem, além de conhecer algumas das galerias do MNBA. Ao final, a sensação de que sempre vale a pena aprender com novas experiências!
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Abaixo, Um Casal se Encontra, animação da aluna Ana Carolina S. Lopes, com desenhos realizados na Oficina de Desenho Animado do Anima Mundi [para ver no YouTube, clique aqui]: 


Todos as animações realizadas pelos alunos nas Oficinas foram disponibilizados no site do Anima Mundi. O caminho é meio longo, mas vale a pena dar uma olhada!

Segue o roteiro, passo a passo: 

1 > acessar a página "Estúdio Aberto" no site do Anima Mundi; 
2 > em "busca", escolher "2011", "Rio de Janeiro" e "massinha" [nos campos correspondentes a "ano", "local" e "técnica"]; 
3 > clicar em "15/07/2011" [data da visita]...
... e pronto! As animações dos nossos alunos são as primeiras de baixo para cima. Os títulos de algumas delas: "Lixo no Lixo", "O Beijo", "O Beijo de Raissa", entre outras.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Oficina Animada




Atenção aos detalhes
Desde o dia 10 de junho iniciei o projeto Oficina Animada na E.M. Prof. Olga Teixeira de Oliveira, em Duque de Caxias. A Oficina é um desdobramento do Projeto Animassinha, proposto pela profa. Ana Paula Pires, uma das coordenadoras da Sala de Informática da escola.

Concentração
Inicialmente, pretendia-se trabalhar apenas com uma turma do 7.o ano de escolaridade, em sala de aula. A idéia cresceu e a direção, que desde o início apoiou o projeto, propôs que também fosse feito um trabalho diferenciado, no contraturno, para que os alunos que se interessassem em aprofundar o exercício das técnicas de animação pudessem ter um espaço maior de experimentação.

Aprendendo com o Pivot
Nos quatro encontros iniciais, trabalhou-se a introdução aos princípios básicos da animação, utilizando o Pivot StickFigure Animator, e o exercício da animação stop-motion com bonecos construídos com massa de modelar. Apesar do pouco tempo de trabalho, duas alunas já produziram suas animações: Ana Carolina Sobreira Lopes [turma 705, "A Menina que Ajudou o Garoto"] e Jacqueline Rafaelly dos Santos [turma 704, "O Cachorro e a TV"].

Alguns dos bonecos criados pelos alunos

Nas postagens a seguir, os dois vídeos, já disponíveis noYouTube:

"A Menina que Ajudou o Garoto", de Ana Carolina Sobreira Lopes

"O Cachorro e a TV", de Jacqueline Rafaelly dos Santos

sábado, 7 de maio de 2011

"Novo aluno x novo professor" [ * ]

Estudantes da E.M. Affonso Penna, Rio; ano letivo de 2010

[ * ] Entrevista concedida 
ao portal do Instituto Ayrton Senna; disponível em: 

IAS - Na escola tradicional o professor é aquele que “transmite as regras que o aluno deve seguir”. É aquele que “sabe tudo”, seu papel é “encher a cabeça” dos alunos de informações das quais um dia, talvez “poderá precisar”. Como você vê, nos dias atuais, a figura desse professor que está preso a esses paradigmas?

Raul - Em um mundo em que “tudo que é sólido desmancha no ar” é evidente que qualquer profissional, principalmente se atua na área da educação, que se proponha a ditar regras fixas e absolutas estará fadado ao fracasso, atropelado pelos acontecimentos.O professor possui saberes específicos, que são os conteúdos de sua disciplina. Mas é preciso não confundir “conteúdo” com “prática conteudística”. Assim, é importante que todo professor tenha em mente que na origem da sua disciplina existe um modo específico e intransferível de ver, compreender, configurar, significar e re-significar o mundo. Um “discurso” próprio, que se constitui no seu saber essencial. Uma prática baseada apenas na transmissão de conteúdos é incapaz de promover a aquisição, por parte dos estudantes, desses modos essenciais de pensar o mundo, “ferramentas” que acompanharão os estudantes sendo-lhes úteis ao longo de toda a vida.

IAS - A principal finalidade da escola deve ser desenvolver as capacidades dos alunos em situação de aprendizagem como elemento de auto-realização e, não, “transmitir” conhecimentos. O que é necessário para um professor atender às novas exigências da escola atual?

Raul - O mestre não pode “transmitir” nada - a não ser, quem sabe, seu exemplo. A escola também. Portanto, talvez o principal objetivo da escola seja a de se auto-realizar, desenvolver suas potencialidades transformando-as em capacidades: capacidade de acolher, de agregar; coordenar esforços e talentos, capacidade de experimentar e aprender com a experiência. A instituição demasiadamente ocupada com seus afazeres se esquece que, antes de mais nada, é percebida pelo aluno como um “ambiente”. O professor, imerso no ambiente e submetido (inconscientemente?) às suas regras, reproduz o comportamento institucional: preocupa-se com o que o aluno é capaz de aprender, minimizando o que ele de fato apreende na convivência cotidiana com o ambiente escolar. Karl Marx dizia que “a prática é o critério da verdade”; na escola, a “prática” também se manifesta na forma de um ambiente verdadeiramente pedagógico, algo que não existe sem as pessoas- professores, inclusive. A escola precisa se tornar um espaço no qual tanto o aluno quanto o professor possam buscar, cada um em seu nível, sua auto-realização, crescendo juntos. 

IAS - Saber ensinar é saber criar condições para que os alunos aprendam. A aprendizagem constrói-se pela ação; por isso, o professor deve ser um estimulador de interesses, um despertador de curiosidade. Como deve agir um professor para se tornar um colaborador no sentido de ajudar os seus alunos a desenvolver competências necessárias para a vida?

Raul - Minhas primeiras lembranças da escola me remetem ao Colégio de Aplicação da UnB, em Brasília, cidade na qual passei a infância. As principais memórias que tenho do colégio se relacionam ao seu espaço físico, principalmente a existência de um jardim de inverno ao qual todas as salas de aula se comunicavam e que podíamos acessar por intermédio de uma porta de vidro, dessas de correr. Lembro das inúmeras vezes em que colhemos folhas e insetos neste jardim, para serem observadas nos microscópios do Laboratório de Ciências. A possibilidade de estabelecer vínculos afetivos com o conhecimento, ou por meio dele, é um valor pedagógico essencial. Os antigos se valiam de uma expressão em desuso: “tal coisa me sabe a…”, vinculando a experiência dos sentidos ao “conhecer” alguma coisa. Experiência e assimilação/incorporação, sem dúvida, combinam e rimam com educação. Mas criar as condições necessárias para que estas “ações” possam se desenvolver é uma tarefa institucional, transcendendo às iniciativas de cada professor. Sem articulação, ainda que valiosos, os esforços individuais se mostram incapazes de efetivar as mudanças estruturais que garantam a continuidade que todo projeto pedagógico necessita.

IAS - O alunos dos novos tempos não aceitam mais as práticas pedagógicas no estilo castigo e recompensa, aulas passivas, “transmissão de conteúdos”. Na sua concepção, como deve ser a prática pedagógica do “novo professor” para atender às exigências do perfil dos “novos alunos”?

Raul - Como professor da disciplina de artes plásticas, percebo a importância dos momentos em que a “atividade” se interioriza na forma de plena atenção, atitude necessária à realização de algumas tarefas durante as quais o silêncio e a concentração são condições fundamentais. Portanto, “passividade” é um conceito que pode ser problematizado e contextualizado, pois seu uso corrente tende a desconsiderar às diversas formas de atividade necessárias ao processo de aprendizagem.
“Atividade”, em sentido amplo, se liga a “interesse”- pois é este que garante o vínculo do estudante com o “fazer”. E a “recompensa” pelo fazer, idealmente, começa pelo próprio prazer de fazer. Do “novo” professor se exige, portanto, o desenvolvimento de estratégias pedagógicas que garantam a criação das condições propícias a uma vivência plena das experiências, pois apenas isto vai garantir a real incorporação, por parte dos estudantes, dos conhecimentos e habilidades correspondentes aos “conteúdos” listados nos currículos. 

IAS - Como você descreve o “novo professor” e o “novo aluno”?

Raul - Essencialmente, imagino esse ”novo professor” como um profissional consciente de que a educação só se realiza plenamente como um trabalho institucionalmente integrado e colaborativo. Confinado em sala de aula e isolado com seus saberes específicos o professor não tem nada a ganhar. Portanto, é preciso disposição para conquistar e garantir espaços institucionais que sejam facilitadores de encontros, trocas, conversas, enfim tudo que venha a promover o surgimento de vínculos e o arejamento das relações, condições necessárias à elaboração e implementação de estratégias coletivas de atuação. 
Quanto ao “novo aluno”, ao contrário do “novo professor” em certo sentido ele sempre existiu e existirá. Pois cada aluno que entra na escola traz consigo as potencialidades de uma nova geração. Cabe à escola o trabalho de “interpretar” e direcionar essas potencialidades, tendo como eixos estruturantes os saberes essenciais dos quais ela é portadora.